domingo, 11 de setembro de 2011

Notas sobre o Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais




Só pude comparecer a quatro dos onze dias previstos para o Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais. Como os eventos dos quais participei em 9 e 10/09 levaram a reflexões mais demoradas, falarei deles em outras oportunidades. Vamos aos dias 4 e 6/09:

04/09/2011 - Compareci ao debate Dilemas da mediação de leitura, cuja mesa era composta por João Marcos (artista gráfico), Raquel Elizabete (representante da Secretaria Estadual de Educação/MG) e Maria Antonieta Pereira (professora aposentada da FALE/UFMG e coordenadora do Teia de Textos). Eliana Yunes, anunciada pela organização do evento, não conseguiu viajar a Belo Horizonte; pena, pois estava muito interessado em ouvi-la. A sala reservada para o debate ficou praticamente vazia (num domingo à tarde, o público, suponho, tinha outros interesses). Críticas à rigidez das instituições escolares (vistas, entretanto, como agências fundamentais para a mediação da leitura); críticas também à Universidade, no que se refere à formação de professores e bibliotecários; o "divórcio" entre os estudos literários e o estudo da arte dentro da escola; a presença dos quadrinhos no espaço escolar, ainda vistos com desconfiança por parte dos educadores; o mediador como exemplo de leitor; esses foram alguns dos pontos discutidos na ocasião. Ah, e registro a desagradável participação de um sujeito falastrão e pedante, não obstante mal informado, que veio nos contar, por exemplo, como sua vovozinha o ajudou a gostar de ler, como se isso interessasse a alguém, naquele contexto específico...

06/09/2011 - Clima antipático: assim eu caracterizaria o Diálogo Literário, do qual participaram os escritores Leo Cunha e Fanny Abramovich, com mediação da também escritora Neusa Sorrenti. E o evento começou auspicioso, com menos de 10 minutos de atraso (coisa rara em programações do tipo). Problemas com o microfone, no entanto, "compensaram" o que foi ganho no tempo inicialmente. No começo do debate, a partir de uma pergunta feita pela mediadora sobre a importância do humor na Literatura Infanto-Juvenil (LIJ), comecei a desconfiar que o restante da conversa ia ser desalentador.

Fanny Abramovich não demonstrava consideração alguma pela plateia; ela falava se dirigindo apenas aos outros integrantes da mesa e à professora Maria Antonieta Antunes Cunha (uma das maiores estudiosas de LIJ do país, que foi proprietária da histórica editora-livraria Miguilim e é mãe de Leo Cunha), sentada mais à frente. Abramovich destacou o trabalho de apenas três autores: Lobato, João Carlos Marinho e, principalmente, Sylvia Orthof. De repente, deu uma ferroada na obra de Ana Maria Machado (que nem estava no contexto da discussão). A única escritora ainda ativa elogiada por ela foi Eva Furnari.

Deu-me a impressão que Abramovich não lê nada de mais recente no campo da LIJ. E embora não ache que estar up-to-date com a produção literária seja por si só uma vantagem, é estranho perceber tal atitude na escritora paulista, porque ela tem livro teórico publicado sobre o assunto (Literatura Infantil: gostosuras e bobices), foi professora universitária especializada nesse campo, chegando a escrever na imprensa diária.

A mediadora parecia um pouco perdida e Leo Cunha tentou salvar o debate com a postura mais lúcida entre os que compunham a mesa. Uma discussão que poderia render era sobre o conceito de qualidade na LIJ: quais os critérios seguros (se é que eles existem) para dizer que um livro é bom e outro é ruim? Infelizmente, esse assunto não avançou. No momento em que se abriu para as perguntas do público, fui embora.

Na próxima postagem, mudança completa de assunto: começo a escrever sobre Thomas Hobbes.

BG de Hoje

Adoro o humor do PREMEDITANDO O BREQUE (e, claro, a ótima qualidade de seus instrumentistas - principalmente Mário Manga). Em Bem Brasil, divertidíssima crítica ao país. E com participação de Caetano Veloso.