sexta-feira, 18 de maio de 2018

Falou e disse...

VENDO POESIA *


Para quem gosta
Poesia nada custa
Poesia nada gasta
Bastam os olhos da cara


* CUNHA, Leo. Vendo poesia. In: _________. Vendo Poesia. São Paulo: FTD, 2010. p.9

terça-feira, 8 de maio de 2018

Parada por tempo indeterminado


Ao(à) eventual leitor(a):



Tentei. Mas não dá.

Ando com a cabeça e o espírito *  em estado de quase completo embotamento.

Por isso vou dar um tempo por aqui. Se insistisse em continuar escrevendo, as postagens (que já não são lá essas coisas) resultariam em textos piores do que o que eu poderia considerar aceitável.

Não quero acabar com o blog (como já fiz com o Ração das Letras e o Sinistras Bibliotecas, precursores deste Besta Quadrada). Afinal, lá se vai um punhado de tempo e empenho nessa atividade não-remunerada de blogueiro e tive (mesmo que poucos) momentos de satisfação, ora essa!

Contudo, no momento, considero melhor uma interrupção.

Volto quando estiver menos quebrantado.

Inté.

__________
Apesar de minha discordância em relação a muitos posicionamentos do filósofo francês André Comte-Sponville, quando uso o termo espírito tenho em mente algo parecido com o que ele escreveu em seu livro O espírito do ateísmo (Editora Martins Fontes, 2007):

"O espírito não é uma substância; é uma função, é um poder, é um ato (o ato de pensar, de querer, de imaginar, de fazer humor...), e esse ato, pelo menos, é incontestável - já que toda contestação o supõe.
[...]
"[...] Toda religião pertence, ao menos em parte, à espiritualidade; mas nem toda espiritualidade é necessariamente religiosa. Quer você acredite ou não em Deus, no sobrenatural ou no sagrado, de qualquer modo você se verá confrontado com o infinito, a eternidade, o absoluto - e com você mesmo. Para isso, basta a natureza. Para isso, basta a verdade. Nossa própria finitude transitória e relativa basta. Não poderíamos de outro modo nos pensar como relativos, nem como efêmeros, nem como finitos.
                                                                                                  [...]
Falar de uma espiritualidade sem Deus não é, por conseguinte, nada contraditório. No Ocidente, isso às vezes surpreende. Como a única espiritualidade socialmente observável em nossos países, foi durante séculos uma religião (o cristianismo), acabou-se acreditando que "religião" e "espiritualidade" eram sinônimos. Nada disso! Basta recuar um pouco, tanto no tempo (especialmente para a época das sabedorias gregas) como no espaço (por exemplo, na direção do Oriente budista ou taoísta), para descobrir que existiram, que existem ainda, imensas espiritualidades que não eram ou não são religiões, em todo caso não no sentido ocidental do termo (como crença num ou em vários deuses), nem, talvez, inclusive em seu sentido mais geral (como crença no sagrado ou no sobrenatural). Se tudo é imanente, o espírito também é. Se tudo é natural, a espiritualidade também é. Isso, longe de vedar a vida espiritual, torna-a possível. Estamos no mundo: o espírito faz parte da natureza".