sábado, 13 de maio de 2017

Falou e disse...

"Só no completo silêncio e na total passividade pode alguém ocultar quem é, mas seu desvelamento quase nunca pode ser alcançado como um propósito deliberado, como se a pessoa possuísse e pudesse dispor desse 'quem' do mesmo modo como possui e pode dispor de suas qualidades. Pelo contrário, é quase certo que o 'quem', que aparece tão clara e inconfundivelmente para os outros, permanece oculto para a própria pessoa, à semelhança do daimon, na religião grega, que acompanha cada homem durante toda sua vida sempre observando por detrás, por cima de seus ombros, de sorte que só era visível para aqueles que ele encontrava". *

* ARENDT, Hannah. A condição humana. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013. [Tradução de Roberto Barroso]. p. 224-225