sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Neuromancer (I)






"A Matrix teve a sua origem nos primitivos jogos eletrônicos - disse a voz gravada -, nos primeiros programas gráficos e nas experiências militares com conectores cranianos [...] - O cyberespaço. Uma alucinação consensual vivida diariamente por bilhões de operadores autorizados, em todas as nações, por crianças aprendendo altos conceitos matemáticos... Uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de dados de todos os computadores do sistema humano. Uma complexidade impensável. Linhas de luz abrangendo o não-espaço da mente, nebulosas e constelações infindáveis de dados. Como marés de luzes de cidade..."

William Gibson - Neuromancer

 
Como diversos outros leitores, suponho, cheguei a Neuromancer *, livro publicado originalmente em 1984, graças à trilogia cinematográfica Matrix, iniciada em 1999, e dirigida pelos irmãos Wachowski. A relação entre as duas obras é evidente - daí o questionamento: tratar-se-ia de plágio, citação ou homenagem? -, mas não discutirei esse aspecto por ora.

Gibson conseguiu antecipar, há quase 30 anos, a imensa participação, influência e poder da informática e da cibernética sobre a vida humana como hoje presenciamos. Tal como Isaac Asimov, cunhou um termo que ultrapassou o campo da Literatura para fazer parte de um vocabulário conhecido em outras áreas: ciberespaço (Asimov popularizou o termo robótica **). E os cenários em que a narrativa se desenrola são exemplos sinistros do que hoje chamamos de globalização.

O herói (ou anti-herói) Case, hacker dependente de drogas e desencantado é, contudo, um personagem instigante, assim como  sua  parceira,  Molly, a "samurai das ruas".

Outro clássico da ficção científica. Assunto que continua nas próximas postagens.
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* GIBSON, William.  Neuromancer . 3 ed. São Paulo: Aleph, 2003 [  tradução de Alex Antunes ]

** Importante dizer que a palavra robot já era conhecida e utilizada mundo afora desde o surgimento da peça R. U. R, do escritor tcheco Karel Capek, publicada nos anos 1920.
 
BG de Hoje

CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI representaram uma pequena revolução no rock brasileiro. Os "caranguejos com cérebro" produziram música da mais alta qualidade. A Nação Zumbi, do excepcional guitarrista Lúcio Maia, ainda segue trabalhando, mas sem a mesma intensidade de seu início (Chico Science, infelizmente, está morto). No BG, uma porrada, com cara de "carta de intenções"  ( Da lama ao caos ):  " E , com o bucho mais cheio , / comecei a pensar / que eu me organizando , posso desorganizar ; / que eu desorganizando, posso me organizar ".