O título desta postagem foi retirado do conto Evidência, outra das excelentes histórias do livro Eu, robô, de Isaac Asimov*. Faz parte de uma declaração da personagem Susan Calvin. Ela diz: " [...] você não pode diferenciar entre um robô e o melhor dos seres humanos".
Mas em que ela se baseia para fazer tal afirmação? Nas famosas "três leis da Robótica" ** , invenção genial do escritor norte-americano (nascido na Rússia) e que sustentam todas as nove narrativas das quais o livro se compõe.
Susan Calvin, que gostava mais dos robôs do que dos seres humanos, explica:
" [...] se parar para pensar nelas, as três leis da Robótica são os princípios essenciais que guiam muitos dos sistemas éticos do mundo. É claro que todo ser humano deve ter um instinto de autopreservação. Esta é a lei número três para um robô. Igualmente, todo "bom" ser humano, com uma consciência social e um senso de responsabilidade, vai seguir a autoridade adequada ; ele ouvirá o que diz seu médico, seu chefe, seu governo, seu psicólogo, seu companheiro, ele obedecerá as leis e seguirá as regras, seguindo os costumes, mesmo quando isso interferir no seu conforto ou na sua segurança. Esta é a lei número dois para um robô. E do mesmo modo, todo "bom" ser humano deve amar aos outros como a si mesmo, protegendo seus companheiros, arriscando sua vida para salvar as vidas de outros. Esta é a lei número um para um robô. Resumindo: se Byerley [personagem central da narrativa] seguir todas as leis da robótica, ele poderá ser um robô, mas também poderá ser apenas um homem muito bom".
Vale ressaltar que Isaac Asimov propôs as três leis por não concordar com aquilo que chamava de "síndrome de Frankenstein", isto é, "a crença de que robôs e seres artificiais seriam uma ameaça à humanidade" ***.
Por essa razão, detestei o filme Eu, robô, estrelado por Will Smith (I, robot - direção de Alex Proyas, 2004). Há uma distorção da concepção de Asimov. Além do mais, a personagem da Dra. Susan Calvin (no filme, interpretada pela belíssima atriz Bridget Moynahan) tem papel secundário - completamente diferente do livro.
Se você que está lendo esta postagem só conhece o filme, recomendo a leitura desse livro essencial na história da ficção científica.
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* ASIMOV, Isaac. Eu, robô. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004 [tradução de Jorge Luiz Calife]
** As três leis da Robótica são:
" Primeira Lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, através da inação, permitir que um ser humano seja ferido.
Segunda Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos exceto se tais ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei: um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei ".
*** De acordo com o prefácio de Jorge Luiz Calife para a edição de Eu, robô mencionada acima.
BG de Hoje
Outro dia estava lendo uma breve nota sobre Lars Ulrich, o baterista do METALLICA. O músico dizia que "regrediu". Será? Bem, Ulrich não é mais um garoto e talvez não tenha mais a mesma velocidade e energia de antes. Mas ainda o considero um ótimo baterista. Confira em Disposable Heroes, canção do discaço Master of Puppets (1986), numa apresentação registrada há três anos.