Quando ouvi falar, há alguns anos, da disciplina "Sociologia do Trânsito", fiquei pensando: "que bobagem! Os problemas de trânsito podem ser solucionados com leis específicas e decisões de natureza técnica" . Por aí se vê como eu já fui bem mais besta quadrada... A circulação de veículos e a mobilidade urbana são, atualmente, dois dos maiores problemas SOCIAIS das grandes cidades.
O trânsito, além de me irritar (e olha que só exerço nele o papel de pedestre), assusta e intimida.
Ontem, consegui comprar um livro que desejava ler desde o seu lançamento, dois anos atrás, justamente para tentar entender melhor as causas de toda essa falta de civilidade, fúria e insegurança nas ruas. Estou falando de Fé em Deus e pé na tábua ou Como e por que o trânsito enlouquece no Brasil , cujo autor é o antropólogo Roberto DaMatta (Editora Rocco, 2010).
No prefácio, o pesquisador esclarece que
" [...] o ponto de partida é o de que a rua é um perigo. Ela pode ser o nosso túmulo, e nela devemos esperar pelo pior, pois que pertence aos veículos, jamais aos pedestres - essa maioria. Quer dizer : na rua, a democracia e o bom-senso ali requeridos se invertem, e a maioria descobre, sob pena de ser sistematicamente agredida ou perder a vida, que aquele espaço pertence aos que estão dentro de seus respectivos veículos ou montados em suas motos. A minoria forte e protegida, explosivamente embrutecida por seus motores (e, muitas vezes, por seus revólveres e suas barras de ferro), torna-se opressora da maioria, que, tentando seguir para o trabalho, para a escola ou simplesmente ir para casa, vê-se forçada a tentar sobreviver. E, eis o mais alarmante, o cenário é tido como normal e natural (ou constitutivo) do mundo moderno. Aceitamos a loucura, a injustiça e a crueldade porque, mesmo num espaço igualitário, jamais discutimos a hierarquia do mais forte e do mais poderoso como rotina que permeia a construção do espaço público no Brasil ".
Devo terminar a leitura neste fim de semana. Na próxima postagem, comento a respeito.
BG de Hoje
Tá certo: os Beatles são a maior banda de todos os tempos e blá-blá-blá , blá-blá-blá... Mas foram os ROLLING STONES que trouxeram para o rock uma dose de sujeira, de imperfeição que, até hoje, representa o lado de que mais gosto nesse gênero de música. A banda completou 50 anos de atividades ontem ; nada mais justo que homenageá-la hoje, Dia Mundial do Rock. A canção - Honk Tonk Woman , um clássico - é deliciosamente preguiçosa, mas nem por isso menos acachapante.