"Nossas invenções costumam tornar-se bonitos brinquedos que distraem nossa atenção das coisas sérias. Elas são tão-somente meios aperfeiçoados para um fim não aperfeiçoado, um fim que já era fácil demais atingir, como estradas de ferro que levam de Boston a Nova York. Nós estamos com enorme pressa em construir um telégrafo magnético do Maine para o Texas; mas pode ser que o Maine e o Texas nada tenham de importante a comunicar [...]. É como se o objetivo principal fosse falar depressa e não falar sensatamente".
Henry Thoreau (1854)
Antes de prosseguir, quero pedir desculpas ao leitor habitual deste blog. Como você sabe (assim espero!) o Besta Quadrada é um espaço que analisa textos e comunica as impressões do blogueiro a partir da leitura destes.
Detesto postagens que evidenciam demais as banalidades corriqueiras da vida dos blogueiros. NOTA: As redes sociais, do tipo Facebook e Orkut - das quais, inclusive, faço parte - estão aí, segundo penso, justamente para cumprir esse tipo de papel. Acredito que o leitor habitual deste blog não precisa perder seu tempo lendo bobagens sobre minha rotina, similar, suponho, às rotinas de outros zilhões de pessoas (talvez, até mesmo à sua, leitor).
Ainda que eu possa incluir ou partir de um episódio acontecido em minha vida particular para escrever, o(s) texto(s) de outro(s) autor(es) (poema, conto, romance, ensaio filosófico, relato científico, artigo jornalístico, etc.), mencionado(s) pelo blogueiro, é que será(ão) sempre o centro da postagem.
O pedido de desculpas é necessário porque, contrariando a intenção do Besta Quadrada, as próximas atualizações serão mais particulares do que o desejado. Infelizmente, dada a reduzida quantidade de leitura do blogueiro em relação ao tema ora tratado, não será possível ampliar a discussão para além de suas opiniões pessoais (talvez algum comentarista consiga robustecer o debate posteriormente). Feitos os esclarecimentos, voltemos ao livro Cibercultura *, do filósofo Pierre Lévy.
O pensador francês se considera um otimista com o atual cenário. Mas faz uma ressalva: "meu otimismo, contudo, não promete que a Internet resolverá, em um passe de mágica, todos os problemas culturais e sociais do planeta".
Diante do que representam hoje as tecnologias de informação e comunicação, a postura a ser assumida precisa superar a polarização radical. Nem apologistas desvairados (embora, muitas vezes, o autor de Cibercultura se comporte como um), nem detratores catastrofistas. Lévy assevera:
Essa postura receptiva e aberta, recomendada acima, a meu ver, está se confundindo, na mente de muitos indivíduos, com um simples deslumbramento ingênuo, apolítico e alienado, que enxerga os meios tecnológicos per se - os dispositivos, o maquinário eletrônico - como o ápice da trajetória cultural (e existencial) humana, sem se perguntar sobre o melhor uso que se pode fazer deles.
Uma das principais hipóteses do livro de Lévy "é que a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer".
Desconfio de que o Mercado, com o tempo, acabará estabelecendo esse sentido, como tem estabelecido todos os outros nas nossas atuais sociedades. E as mesmas forças que sempre comandaram a circulação do dinheiro darão o rumo - megaempresas, conglomerados financeiros, etc. Não considero que as redes digitais estejam imunes ao determinismo econômico.
Mas, verdadeiramente, meu pé atrás com as ideias do livro se deve a outras razões, até porque o autor faz questão de deixar claro que "as questões econômicas e industriais, os problemas relacionados ao emprego e as questões jurídicas" estão fora de seu estudo.
Retomo na próxima postagem.
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* LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999
Na Santíssima Trindade do rock pesado, Deep Purple e (sobretudo) Led Zeppelin contavam com músicos extraordinários. Não era o caso do BLACK SABBATH. Mesmo assim, não existiria o heavy metal, tal como se conhece, sem o quarteto de Birmingham. Abaixo, Sympthom of the Universe, ao vivo, em Londres, com a formação clássica da banda. Naturalmente, na apresentação, não foi possível reproduzir o belo arranjo de violão final, gravado no registro em estúdio (álbum Sabotage, 1975). Uma pena, mas a canção é boa de qualquer jeito. NOTA: O grupo brasileiro Sepultura também já interpretou esta música num disco-tributo ao Sabbath.
O pensador francês se considera um otimista com o atual cenário. Mas faz uma ressalva: "meu otimismo, contudo, não promete que a Internet resolverá, em um passe de mágica, todos os problemas culturais e sociais do planeta".
Diante do que representam hoje as tecnologias de informação e comunicação, a postura a ser assumida precisa superar a polarização radical. Nem apologistas desvairados (embora, muitas vezes, o autor de Cibercultura se comporte como um), nem detratores catastrofistas. Lévy assevera:
"Não quero de forma alguma dar a impressão de que tudo o que é feito com as redes digitais seja 'bom' [...] Peço apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em relação à novidade. Que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira questão não é ser contra ou a favor, mas sim reconhecer as mudanças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural. Apenas dessa forma seremos capazes de desenvolver estas novas tecnologias dentro de uma perspectiva humanista".
Essa postura receptiva e aberta, recomendada acima, a meu ver, está se confundindo, na mente de muitos indivíduos, com um simples deslumbramento ingênuo, apolítico e alienado, que enxerga os meios tecnológicos per se - os dispositivos, o maquinário eletrônico - como o ápice da trajetória cultural (e existencial) humana, sem se perguntar sobre o melhor uso que se pode fazer deles.
Uma das principais hipóteses do livro de Lévy "é que a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer".
Desconfio de que o Mercado, com o tempo, acabará estabelecendo esse sentido, como tem estabelecido todos os outros nas nossas atuais sociedades. E as mesmas forças que sempre comandaram a circulação do dinheiro darão o rumo - megaempresas, conglomerados financeiros, etc. Não considero que as redes digitais estejam imunes ao determinismo econômico.
Mas, verdadeiramente, meu pé atrás com as ideias do livro se deve a outras razões, até porque o autor faz questão de deixar claro que "as questões econômicas e industriais, os problemas relacionados ao emprego e as questões jurídicas" estão fora de seu estudo.
Retomo na próxima postagem.
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* LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999
BG de Hoje
Na Santíssima Trindade do rock pesado, Deep Purple e (sobretudo) Led Zeppelin contavam com músicos extraordinários. Não era o caso do BLACK SABBATH. Mesmo assim, não existiria o heavy metal, tal como se conhece, sem o quarteto de Birmingham. Abaixo, Sympthom of the Universe, ao vivo, em Londres, com a formação clássica da banda. Naturalmente, na apresentação, não foi possível reproduzir o belo arranjo de violão final, gravado no registro em estúdio (álbum Sabotage, 1975). Uma pena, mas a canção é boa de qualquer jeito. NOTA: O grupo brasileiro Sepultura também já interpretou esta música num disco-tributo ao Sabbath.