quinta-feira, 31 de maio de 2012

30 anos de Blade Runner



Não me lembro bem, mas creio ter sido um de meus irmãos (faz tempo...) que me recomendou o filme Blade Runner, o caçador de androides (Blade Runner, 1982 - direção de Ridley Scott).

Assisti pela primeira vez numa distante madrugada televisiva. Acho que tinha uns 13 ou 14 anos na época. E, por isso, Blade Runner representou um aprendizado: a partir dali começava a me tornar um espectador menos ingênuo. Sem exagero, foi uma obra que contribuiu para meu amadurecimento.

O cult movie de Ridley Scott completa, em 2012, 30 anos desde sua estreia nos cinemas (aliás, eu só o assisti numa tela grande em 1989, durante retrospectiva dos 10 melhores filmes daquela década, no cine Humberto Mauro, dentro do Palácio das Artes aqui de BH). Passado esse tempo, cabe perguntar: a obra ainda tem algo a nos dizer? Penso que sim.

Uma das maneiras de se avaliar uma produção de ficção científica é tentar verificar o que se tornou (ou pode, no curto prazo, se tornar) "realidade" nas "previsões" feitas pela narrativa. Nesse quesito, Blade Runner acertou em cheio ao retratar uma megalópole (no caso, Los Angeles, no ano de 2019) apinhada de gente, com ruas sombrias e tristes, mas habitada por pessoas das mais diversas nacionalidades, numa miscelânea de idiomas e comportamentos. Isso é bem similar ao que se pode encontrar em boa parte dos centros urbanos mundo afora. Contudo, mesmo antecipando o avanço da engenharia genética, não estamos nem perto de testemunhar o aparecimento de androides tais como os que são personagens do filme.

Ontem revi o filme em DVD (versão do diretor) e constatei que as perguntas contidas em Blade Runner não deixaram de ser importantes pra mim: afinal, o que define um ser humano? O que pode justificar nosso viver (se é que este precisa de alguma justificativa)?

O policial Gaff - esplendidamente interpretado por Edward James Olmos - numa da últimas cenas do filme diz: "It's too bad she won't live. But than again, who does? [É pena que ela não viverá. Mas quem vive?]. Ele está se referindo à Rachael, androide possuidora de uma memória falsa e que também deveria ser "retirada" (ou seja, executada). Só que essa fala do personagem vai mais além e acaba por recuperar a questão - velha, mas inescapável para a humanidade -  proposta pelo filme: qual o significado (ou o sentido, como queiram) de nossa existência?

Blade Runner, nem preciso dizer, é uma das minhas obras prediletas.

BG de Hoje

A trilha sonora do filme, composta por VANGELIS, também acabou virando cult. Gosto muito do tema final.