"Pro homem da rua, intelectual é uma coisa bastante longínqua, incompreensível, e, claro, meio bicha".
Millôr Fernandes - Millôr definitivo: a bíblia do caos
Estava relendo anteontem um pequeno artigo (de que gosto muito) escrito por Hans Ulrich Gumbrecht*, no qual o autor faz a seguinte pergunta:
" Mas o que podem fazer os intelectuais, que fim podem dar as sociedades à escória de seus intelectuais, se deles ninguém mais aceita a pretensão de desvendar a verdade em geral, de um lado, e, de outro, se eles perderam a chance de adquirir a competência mais específica para a verdade exigida no presente?"
Em seu texto, Gumbrecht, professor universitário nos EUA, propõe-se uma "tarefa" - definir qual ou especular sobre a função social dos intelectuais - "tarefa" empreendida, é bom que se diga, por diversas outras pessoas antes dele, nos meios acadêmicos e mesmo na imprensa. Na sua tentativa, nada rigorosa e nem "profunda" (ainda bem, é bom que se diga mais uma vez), ele faz observações muito interessantes. Falarei delas no fim desta série de postagens. Antes, outra pergunta, para melhor levar a discussão: o que é um intelectual?
Num livro cujo objetivo é justamente responder tal questionamento**, Horácio González, após apresentar uma tipologia com diversos representantes dessa categoria de indivíduos, sustenta que
Por que falar em contradição? E por que falar em culpa? Volto ao assunto na próxima semana, incluindo Jean-Paul Sartre na discussão.
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* GUMBRECHT, Hans Ulrich. Intelectuais como catalisadores de complexidade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 mai. 2001, Caderno Mais!, p.18-19
** GONZÁLEZ, Horácio. O que são intelectuais. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1981 [Coleção Primeiros Passos]
Num livro cujo objetivo é justamente responder tal questionamento**, Horácio González, após apresentar uma tipologia com diversos representantes dessa categoria de indivíduos, sustenta que
"[...] o intelectual é a mais frágil ação que se desenvolve na sociedade, precisamente porque não pode evitar transmitir suas contradições. E também porque desvenda a culpa de um afastamento das crenças comuns, o desejo de abolir as fontes de coerção, enquanto diz deter os instrumentos conceituais para pensar um mundo novo. Culpa, desejos e instrumentos flutuam com diferentes pesos e tons na consciência do intelectual. Fazem a consciência do intelectual".
Por que falar em contradição? E por que falar em culpa? Volto ao assunto na próxima semana, incluindo Jean-Paul Sartre na discussão.
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* GUMBRECHT, Hans Ulrich. Intelectuais como catalisadores de complexidade. Folha de S. Paulo, São Paulo, 24 mai. 2001, Caderno Mais!, p.18-19
** GONZÁLEZ, Horácio. O que são intelectuais. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1981 [Coleção Primeiros Passos]
BG de Hoje
Às vezes ouço certas bandas de rock e penso: por que tanta frescura para fazer aquilo que é básico? Com o QUEENS OF THE STONE AGE não tenho com que me preocupar: é "pau na máquina"! Um exemplo: escute How To Handle A Rope.