"É preciso coragem para assumir os riscos de escutar: a escuta tem a capacidade de nos mover de nós mesmos. Determina um jogo instável em que transitamos de falantes a ouvintes para depois retomarmos a fala. Em última instância, é preciso não impor ao outro que, para ser ouvido, se encaixe numa determinada matriz de discurso e sirva a determinados interesses.
É como nos versos de Anna Akhmátova: 'E finalmente pronunciaste a palavra, não como quem se ajoelha, mas como quem escapa da prisão'". *
* LIMA, Daniela. Podem as mulheres falar?: contra a violência naturalizada, sejamos todos bárbaros. Folha de S. Paulo, 6 dez. 2015, Caderno Ilustríssima, p. 6 (também disponível aqui)