Finalmente volto a escrever sobre o gênero literário que me é mais próximo (pois, por circunstâncias profissionais, é aquele com que lido quase diariamente): a Literatura Infantojuvenil. Destaco, nesta postagem, quatro títulos voltados mais para crianças, sobretudo as de menor idade. NOTA: O título desta postagem, eventual leitor(a), está ligado a outra já publicada - cujo título era 1, 2, 3... . Cada vez que tratar dessa temática, mencionando mais de um livro, seguirei essa sequência/enumeração.
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4) Gosto do trabalho de Luiz Raul Machado desde que li Fulustreca, há mais de 10 anos. Cartão-Postal (Editora DCL, 2010) é um de seus melhores textos. Uma observação: este livro já havia sido publicado em 1996 pela Formato. Mas as ilustrações de André Neves e o projeto gráfico da nova edição são maravilhosos. Aliás, Neves vem se tornando um dos nomes mais destacados da ilustração brasileira. Mas falemos da história. Prosa com pitadas de poesia, lança mão da intertextualidade como poucas. Uma história que trata, a seu modo, do nosso desejo e necessidade de comunicação e do quanto é bom ter alguém que queira nos ouvir. De um lado, o menino que podia "contar suas grandes tristezas e pequenas alegrias. Contava coisas de estudo, coisas de soldadinho de chumbo e índios, coisas que a fada sabia de cor e salteado, mas escutava com prazer"; e do outro, a fada, que "podia contar as tristezas e alegrias dela. Contava coisas de peixes, de pedras e plantas, tudo o que o menino conhecia de sobra, mas ouvia com prazer". Cartão-Postal é um livro muito bonito.
5) Um sujeito sem qualidades, escrito e ilustrado por Jean-Claude R. Alphen (Editora Scipione, 2010) é um livro esquisito, achei. E isso não é um defeito. Debocha das pessoas que se julgam sensíveis e com "alma de artista" (ou seja, nós mesmos, os leitores) valendo-se de um monstro solitário, preguiçoso e chato, chamado Arnaldo. Por que acho o livro esquisito? Não sei explicar. Mas é muito bom.
6) Um dos melhores livros de imagem que conheço é Ribit, do artista plástico mexicano Juan Gedovius (Editora Comboio de Corda, 2009). A ausência de cenário - todos os personagens aparecem num fundo branco - ajudam a destacar as reações de cada um ao trocar seus pertences com a rã vermelha do título. Os leitores têm de ficar atentos ao traço vigoroso de Gedovius, pois cada reação do personagem diz muito sobre este, mesmo na ausência da palavra escrita (é o caso da bruxa carrancuda que ganha uma pena e cede um gato desmilinguido). NOTA: Outro livro sensacional desse mesmo artista é O mais gigante, mas, nesse caso, é um texto escrito e ilustrado.
7) A Literatura Infantil deve evitar certos temas? Não, parece ser a resposta da escritora e ilustradora belga Kitty Crowther em Meu amigo Jim (Editora Cosac Naify, 2007). Não é difícil perceber nos personagens centrais a homoafetividade. Jim, gaivota branca, conhece Jack, um melro negro (e, de certo modo, a autora também tematiza a discriminação racial); os dois têm dificuldade para serem aceitos no grupo em que decidem viver. A narrativa é muito bem conduzida e a representação alegórica, valendo-se de animais - praxe desse gênero literário - não sai tão forçada.
A propósito, como falei sobre leitura nas postagens anteriores, penso que vale recomendar o poema Antes de ler, de Marcos Nunes, que sugere a postura desarmada àquele que se coloca diante de um livro.
Indo para o trabalho, desanimado por saber que "enfrentaria" uma turma de estudantes terríveis, fui surpreendido positivamente pela programação insossa e repetitiva das emissoras de rádio aqui de BH, ao ouvir numa delas a bela canção Tomara, de ALCEU VALENÇA.
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7) A Literatura Infantil deve evitar certos temas? Não, parece ser a resposta da escritora e ilustradora belga Kitty Crowther em Meu amigo Jim (Editora Cosac Naify, 2007). Não é difícil perceber nos personagens centrais a homoafetividade. Jim, gaivota branca, conhece Jack, um melro negro (e, de certo modo, a autora também tematiza a discriminação racial); os dois têm dificuldade para serem aceitos no grupo em que decidem viver. A narrativa é muito bem conduzida e a representação alegórica, valendo-se de animais - praxe desse gênero literário - não sai tão forçada.
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A propósito, como falei sobre leitura nas postagens anteriores, penso que vale recomendar o poema Antes de ler, de Marcos Nunes, que sugere a postura desarmada àquele que se coloca diante de um livro.
BG de Hoje
Indo para o trabalho, desanimado por saber que "enfrentaria" uma turma de estudantes terríveis, fui surpreendido positivamente pela programação insossa e repetitiva das emissoras de rádio aqui de BH, ao ouvir numa delas a bela canção Tomara, de ALCEU VALENÇA.