Em busca do tempo perdido - que nunca li, a propósito - é um dos grandes monumentos da Literatura. Uma daquelas obras que atrai ou intimida os leitores.
Disse jamais ter lido a obra de Proust, mas talvez não seja bem assim, porque conheço a adaptação feita por Stéphane Heuet (Editora Jorge Zahar, 2004; tradução e notas de André Telles). Então, li ou não li Proust?
De primeira, é fácil responder. E a resposta é negativa. Como mencionei, trata-se de uma adaptação: não estive diante do texto/obra original*. Há, porém, uma peculiaridade no trabalho de Heuet: muitos e muitos blocos de texto, ao lado (ou ocupando o espaço) dos desenhos, como se fossem uma narração em off.
A narrativa quadrinística, como se sabe, lança mão do texto, a maior parte do tempo (mas não exclusivamente), para reproduzir diálogos ou pensamentos dos personagens nos balões. No trabalho do quadrinista francês, os blocos de texto (com a cor de fundo amarela) reproduzem, suponho, passagens mais ou menos fiéis ou literais da escrita de Marcel Proust. Se assim não fosse, aquilo que os especialistas e críticos enaltecem no romance - o discurso e não a trama/enredo - se perderia na adaptação, acho. Cabe observar, contudo, que, justamente por isso, não me agradou essa versão de Em busca do tempo perdido (acho até que esse livro não é "quadrinhável").
Adaptações de clássicos da Literatura para os quadrinhos são bastante comuns. Algumas muito boas, como as realizadas, por exemplo, pela Farol Literário, que inclui Alice no país das maravilhas, Moby Dick, A ilha do tesouro... Outras "forçam a barra" porque seu objetivo, me parece, é apenas facilitar - com a desculpa de tornar mais "atrativa" - a leitura de certos livros que exigem maior esforço da parte de quem lê.
Há quem argumente que tais adaptações têm seu valor, pois, de outra forma, grande número de pessoas jamais se aproximaria de obras normalmente associadas à elite cultural.
Talvez seja esse o caso da adaptação feita por Stéphane Heuet. De qualquer modo, se consideramos aceitável que o teatro e o cinema façam adaptações de romances, por qual motivo não estenderíamos a mesma aceitação aos quadrinhos?
* E mesmo a expressão texto/obra original não é pacífica. Não compreendo francês e, portanto, caso me interessasse, teria que ler a tradução de Em busca do tempo perdido. Mas em que medida a tradução modifica um texto/obra original desse tipo? Quase nada? Pouco? Muito? Discussão vasta, além do alcance deste blogueiro, porém.
Disse jamais ter lido a obra de Proust, mas talvez não seja bem assim, porque conheço a adaptação feita por Stéphane Heuet (Editora Jorge Zahar, 2004; tradução e notas de André Telles). Então, li ou não li Proust?
De primeira, é fácil responder. E a resposta é negativa. Como mencionei, trata-se de uma adaptação: não estive diante do texto/obra original*. Há, porém, uma peculiaridade no trabalho de Heuet: muitos e muitos blocos de texto, ao lado (ou ocupando o espaço) dos desenhos, como se fossem uma narração em off.
A narrativa quadrinística, como se sabe, lança mão do texto, a maior parte do tempo (mas não exclusivamente), para reproduzir diálogos ou pensamentos dos personagens nos balões. No trabalho do quadrinista francês, os blocos de texto (com a cor de fundo amarela) reproduzem, suponho, passagens mais ou menos fiéis ou literais da escrita de Marcel Proust. Se assim não fosse, aquilo que os especialistas e críticos enaltecem no romance - o discurso e não a trama/enredo - se perderia na adaptação, acho. Cabe observar, contudo, que, justamente por isso, não me agradou essa versão de Em busca do tempo perdido (acho até que esse livro não é "quadrinhável").
Adaptações de clássicos da Literatura para os quadrinhos são bastante comuns. Algumas muito boas, como as realizadas, por exemplo, pela Farol Literário, que inclui Alice no país das maravilhas, Moby Dick, A ilha do tesouro... Outras "forçam a barra" porque seu objetivo, me parece, é apenas facilitar - com a desculpa de tornar mais "atrativa" - a leitura de certos livros que exigem maior esforço da parte de quem lê.
Há quem argumente que tais adaptações têm seu valor, pois, de outra forma, grande número de pessoas jamais se aproximaria de obras normalmente associadas à elite cultural.
Talvez seja esse o caso da adaptação feita por Stéphane Heuet. De qualquer modo, se consideramos aceitável que o teatro e o cinema façam adaptações de romances, por qual motivo não estenderíamos a mesma aceitação aos quadrinhos?
* E mesmo a expressão texto/obra original não é pacífica. Não compreendo francês e, portanto, caso me interessasse, teria que ler a tradução de Em busca do tempo perdido. Mas em que medida a tradução modifica um texto/obra original desse tipo? Quase nada? Pouco? Muito? Discussão vasta, além do alcance deste blogueiro, porém.
BG de Hoje
Havia muita pabulagem em torno do L7. Diziam, por exemplo, que as integrantes da banda chegaram a arremessar absorventes íntimos (usados) na plateia, em algumas apresentações. Deve ser lorota, mas não duvido muito não... Aqui no Brasil, o máximo que fizeram foi abaixar as calças na janela do ônibus na saída do show (isso foi no Hollywood Rock, em 1993). Bricks are heavy, terceiro disco do grupo, foi um dos CD's que mais ouvi na minha vida. Gosto de várias faixas, mas destaco Everglade.