Por que é que adolescentes são tão ruidosos? Por que não canalizam essa energia sonora para produzir música?
Estes, por exemplo, próximos a mim agora, aqui nesta lan-house em que digito este texto, ficam gritando "uuuurrruuu!!!" o tempo todo, empolgados com um destes jogos on-line com atiradores. Deviam ir para casa, ligar seus equipamentos de som bem alto e incomodar parentes e vizinhos, como faziam os jovens da minha geração.
Estou com a cabeça estourando. Bebi todas - e mais algumas - nessa madrugada. E como, numa postagem anterior, falei de uma espécie de terapia musical que pode (mas não garante) ajudar na cura da ressaca, vamos a ela.
AVISO: PARA MIM, O MUNDO SE DIVIDE ENTRE AS PESSOAS QUE GOSTAM DE ROCK E O RESTO, AQUELAS QUE ESTÃO ENTRE AS MAIS CHATAS DE TODOS OS CHATOS POSSÍVEIS. SE VOCÊ NÃO APRECIA GUITARRAS ELÉTRICAS, BATERIAS POSSANTES E VOCAIS NERVOSOS, VÁ PARA OUTRO BLOG IMEDIATAMENTE! AGORA! É UMA ORDEM! HÁ UMA LISTA DE LINKS AO LADO!
Levantar da cama é um problema para quem entortou o chifre na noite precedente. Difícil também é movimentar-se pelos cômodos com o cérebro ainda entorpecido. Neste momento, recomendo começar com Pawn Shop, do trio californiano Sublime, para, aos poucos, reacostumar-se com a realidade. Depois de uma boa xícara de café, bem preto e bem amargo, vá de I wanna be sedated, dos Ramones. Olhando-se no espelho e percebendo todo o estrago causado pela esbórnia, aumente o CD-player - caso seus vizinhos sejam tolerantes - e deixe rolar Bullet with butterfly wings, do Smashing Pumpkins (que abre com o sensacional verso "The world is a vampire")
Olhe para o seu quarto: roupas espalhadas por todo lado (infelizmente, apenas suas). Vá para a cozinha: pilhas de vasilhas sujas. Passe pela sala: não está em melhor estado. Alguém tem que dar um jeito nessa zona! E, lamento informar, esse alguém é você.
Chico César afirmou numa entrevista, certa vez, que dá pra se escutar um disco "varrendo a casa". O compositor paraibano queria dizer com isso que, enquanto se faz uma atividade doméstica, nada mais natural do que ouvir boas canções. Como estamos falando de rock, tudo tem que ser num volume bem mais acima. Inicie a faxina com a apropriada I love it loud, da banda-picareta mais bacana da História, o Kiss. E já que a azáfama de limpeza ocupará um bom pedaço da sua tarde, ouça na íntegra cinco discaços: Led Zeppelin II (Led Zeppelin), Time's up (Living Colour), The Real Thing (Faith no More), Far Beyond Driven (Pantera) e Blood Sugar Sex Magik (Red Hot Chili Peppers).
A esta altura, sua capacidade de raciocínio está se restabelecendo (ajudada, logicamente, pela boa música e por aquela caipirinha geladíssima, acompanhada de uma linguicinha frita que você preparou para mitigar trabalhos tão árduos). Está na hora de pensar na nova noitada que se aproxima. Afinal de contas, hoje é sábado!
Se você vai sair para dançar (algo que não faço com prazer há mais de 10 anos), coloque para aquecer Love Shack ou Roam, dos adoráveis B-52's. Se a noite será um pouco mais "cabeça", sugiro The lady don't mind, dos saudosos Talking Heads ou Death or Glory, do Clash. Há possibilidade de uma paquera? Então as pedidas são A stroke of lucky, do Garbage ou I touch myself, com Divinyls (canção que faz parte da trilha sonora do hilário filme Austin Powers). Por fim, se o seu negócio é mesmo encher a cara, sem nenhuma outra justificativa (meu caso), ataque de Jumpin' Jack Flash (Rolling Stones) ou Problem child (AC/DC).
Que a ressaca de amanhã seja mais suportável que a de hoje!