domingo, 16 de novembro de 2025

Falou e disse...

 "Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para ser racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui.

Para haver racismo reverso, precisaria ter existido navios branqueiros, escravização por mais de trezentos anos da população branca, negação de direitos a ela. Brancos são mortos por serem brancos? São seguidos por seguranças em lojas? Qual é a cor da maioria dos atores e apresentadores de TV? Dos diretores de novela? Da maioria dos universitários? Quem detém os meios de produção? Há uma hegemonia branca criada pelo racismo que confere privilégios sociais a um grupo em detrimento do outro.

[...]

Não se pode confundir racismo com preconceito e má educação. É errado xingar alguém, mas para haver racismo deve haver relação de poder, e a população negra não está no poder. Acreditar em racismo reverso é mais um modo de mascarar o racismo perverso com que vivemos. É a mesma coisa que acreditar em unicórnios, com o diferencial de que se está causando mal e perpetuando a desigualdade". *

* RIBEIRO, Djamila. Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios. In:__________. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 41-43 

P.S.: No texto de onde o excerto acima foi extraído, a autora recomenda um vídeo do comediante Aamer Rahman no qual ele dá uma explicação humorística sobre como seria possível estabelecer o racismo reverso. Quando eu tinha um perfil no Facebook, vi na minha timeline esse trecho da apresentação de Rahman algumas vezes. Sempre vale a pena. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário