"Mas não fiquem achando que eu acho que professor deve ler, e que aluno deve ler. Nada disso. Não se trata de dever. Leitura não é dever de ninguém. É um direito, isso sim, de todo cidadão, e por ele temos de lutar - isso sim, um dever. Até mesmo na guerrilha quotidiana da resistência miúda, fazendo questão de pegar livro na biblioteca, de levar livro para casa, de ler no ônibus, de dar livro de presente, de falar em livros com colegas e amigos, de desligar a tevê em troca de um livro na hora em que algo está chato (não é possível que todo mundo ache que nunca tem nada chato na televisão). E na estratégia mais ampla, frequentando livrarias nem que seja para folhear um livro e tirar uma casquinha, escrevendo para jornais e revistas para exigir mais espaço dedicado à literatura, cobrando dos candidatos a prefeito, vereador e deputado um compromisso público com o atendimento a esse direito em cada estado e município".
MACHADO, Ana Maria. Literatura: o direito a uma herança. In: _________. Texturas: sobre leituras e escritos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 136