segunda-feira, 5 de maio de 2014

Leitura fora da escola (II)



Muitas vezes, quando se encerra a visita feita por uma turma de alunos à biblioteca escolar na qual trabalho, costumo sugerir aos estudantes (sobretudo crianças com idade entre 6 e 10 anos) que, em casa, mostrem a algum adulto o livro escolhido no momento do empréstimo e, se possível, peçam a essa pessoa que leia o exemplar junto com eles.

A intenção é fazer com que os pais ou responsáveis comecem a demonstrar interesse pela leitura e o livro se torne um pequeno, mas ainda assim importante estimulante cultural. Sinceramente, não sei dizer quantos conseguem dar prosseguimento à sugestão.

Creio que seria fundamental, para orientar ações educativas e mesmo políticas públicas para a formação do leitor, obter dados sobre as práticas e as preferências de leitura das pessoas fora do ambiente escolar. Nesse sentido, considero a pesquisa Retratos da leitura no Brasil um dos melhores instrumentos ora disponíveis.

Atualmente em sua terceira edição, a última pesquisa publicada aconteceu entre os dias 11 de junho e 3 de julho de 2011, sob responsabilidade do Instituto Pró-Livro e executada pelo IBOPE Inteligência (para saber mais e obter um arquivo PDF dos resultados do trabalho, visite o site da entidade: http://www.prolivro.org.br).

Tendo como "objetivo [geral] avaliar o comportamento leitor do brasileiro" (grifo meu)*, Retratos da leitura no Brasil constitui-se numa amostra composta por 5.012 entrevistas domiciliares, em 315 municípios, incluindo informantes acima de 5 anos de idade, alfabetizados ou não. O livro é o suporte de leitura priorizado na pesquisa**. Será considerado leitor "aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses" e não-leitor "aquele que não leu nenhum livro nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12". Em 2011, leitores e não-leitores distribuíram-se igualmente na população (50% para cada lado); isso indica uma diminuição no número de leitores, pois, no levantamento anterior, (ocorrido em 2007), eram maioria (55% contra 45% de não-leitores).

Nas próximas postagens dessa série discutirei, com mais vagar, alguns outros dados da pesquisa, mas chamo a atenção no momento para o seguinte: ler é apenas a 7ª atividade que as pessoas mais gostam de fazer no tempo livre, atrás de assistir televisão (1ª), escutar música ou rádio (2ª), descansar (3ª), reunir com os amigos ou família (4ª), assistir vídeos/filmes em DVD (5ª) e sair com amigos (6ª). Para minha surpresa, ler está à frente de navegar na internet (8ª) e praticar esportes (9ª). Acho oportuno mencionar que a preferência pela navegação na internet vem aumentando desde o último levantamento em 2007.

Continuarei a tratar da pesquisa Retratos da leitura no Brasil mais adiante, nas atualizações seguintes do blog.

* Segundo a pesquisa, para definir o que se chama de comportamento leitor, medir-se-á a "intensidade, forma, motivação e condições de leitura da população brasileira"

** O que é considerado livro, para a pesquisa?: " [...] estamos falando de livros tradicionais, livros digitais/eletrônicos, audiolivros digitais-daisy, livros em braile e apostilas escolares. Estamos excluindo manuais, catálogos, folhetos, revistas, gibis e jornais".

BG de Hoje

Wuthering heights faz parte de todas as programações "mela-cuecas" das rádios. Mesmo assim, gosto bastante dessa canção, que, obviamente, foi inspirada no livro de Emily Brontë, O morro dos ventos uivantes (cujo título original é Wuthering heights). E que tal a coreografia - estranhíssima - de KATE BUSH no clipe abaixo?