Joseph Ki-Zerbo
Como
observei na última postagem, Joseph Ki-Zerbo trata de muitos assuntos
fundamentais para a compreensão mais aprofundada do
continente africano, na entrevista concedida a René Holenstein*.
A esse respeito, o pensador burquinense tem posição definida: "para repensar o Estado, a partir da natureza plurinacional das sociedades, seria necessário, na minha opinião, regressar à alfabetização e à escolarização nas línguas maternas africanas", ainda que reconheça ser "impensável e impossível rejeitar as línguas impostas pela colonização porque, objetivamente, elas foram integradas ao nosso patrimônio cultural, elas unem povos africanos entre si e com a comunidade internacional".
Como se vê, a proposta de educação linguística de Ki-Zerbo vai ao encontro do que pensa em termos de organização em nível de Estado para os países do contimente:
"Não se pode instalar um Estado federal, na África, com cerca de trinta línguas. Mas reduzindo o seu número a três línguas principais, geralmente pode-se abranger 80% a 90% da população. Se os custos desta estratégia são muito pesados; os ganhos são incomensuráveis".
Diversos países africanos, do ponto de vista da língua oficial, são tidos como lugares nos quais a maioria da população se expressa, supostamente, em francês, inglês ou português. Mas veja o caso do Senegal: "Oitenta por cento da população senegalesa fala uolof; no entanto, não se diz que o Senegal é uolofófono, mas francófono".
Com o objetivo de promover o modelo de alfabetização que propõe, o historiador sugere a adoção de línguas-pontes:
"O haussá, o bambará e o diulá são línguas pontes, que já existem. O diulá é falado pelo menos em oito países da África Ocidental; o haussá, pelo menos em quatro ou cinco, entre os quais a Nigéria, que constitui facilmente metade da população da África Ocidental. As pontes linguísticas entre as diferentes regiões da África Ocidental ajudariam todos esses países a constituírem-se mais rapidamente".
É uma proposta que inverte a imposição linguística que tem caracterizado a globalização. Com a palavra, Ki-Zerbo:
"As línguas também dizem respeito à cultura, aos problemas da nação, à capacidade de imaginar, à criatividade. Quando falamos numa língua que não é originalmente a nossa, exprimimo-nos de forma mecânica e mimética, salvo exceções (mas governa-se para as exceções?). Não podemos mais do que imitar. Mas quando nos exprimimos na nossa língua materna, a imaginação liberta-se [...]"
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BG de Hoje
O Rush tocou no Brasil este ano, para a felicidade de muitos fãs. Mas em matéria de bandas vindas do Canadá, sempre fui mais BACHMAN-TURNER OVERDRIVE. Down Down tem o saudável groove adequado a todo bom rock'n'roll. OBS: Não dê atenção ao slideshow meio idiota, curta apenas a música.