"Ficar sozinha na corda bamba do desconhecimento da juventude é vivenciar a beleza excruciante da liberdade total e a ameaça de eterna indecisão. Poucos - se é que alguém - sobrevivem à adolescência. A maioria se rende à pressão vaga e assassina da conformidade adulta. Fica mais fácil morrer e evitar conflitos do que travar uma batalha constante com as forças superiores da maturidade.
Até recentemente, cada geração achava mais conveniente alegar culpa da acusação de ser jovem e ignorante, mais fácil aceitar a punição imposta pela geração mais velha (que tinha confessado o mesmo crime poucos anos antes). A ordem para crescer imediatamente era mais suportável do que o horror sem face do propósito oscilante que era a juventude.
As horas alegres em que os jovens se rebelavam contra o sol poente tinham que abrir caminho para os períodos de vinte e quatro horas chamados 'dias', que tinham nome e número.
A mulher negra é agredida nos anos jovens por todas essas forças comuns da natureza ao mesmo tempo em que fica presa no fogo cruzado triplo do preconceito masculino, do ódio branco ilógico e da falta de poder negro.
O fato de que a mulher negra americana adulta surge como uma personagem formidável costuma ser visto com surpresa, aversão e até beligerância. Raramente é aceito como resultado inevitável da luta vencida por sobreviventes que merece respeito, se não aceitação entusiasmada" *
* ANGELOU, Maya. Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. Bauru: Astral Cultural, 2018. p. 311-312 [Tradução de Regiane Winarski]
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