terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Uma postagem aborrecida


Este espaço (desde suas "encarnações" anteriores*) nunca foi confessional. E não são poucos, nestes tempos internéticos, que apreciam publicar textos e fotos (dezenas, centenas, milhares de insuportáveis fotos) desejando apenas falar de si, registrando acontecimentos triviais da vida do(a) blogueiro(a). Às vezes, narram-se outras situações, pretensamente excepcionais. No fundo, porém, é a autorreferência que predomina. Penso não ser esse o meu perfil. Ora, mas todos nós - na blogosfera e também nas chamadas redes sociais - não acabamos criando, cada um à sua maneira, um certo tipo de confessionário?

Pensemos, para explicar melhor, num "blog temático". Suponhamos uma página que se dedique à culinária. Entre uma receita de peixe e uma dica para conservar hortaliças, pode ser que o(a) blogueiro(a) em questão sinta vontade de relatar um caso pessoal ou uma experiência privada, vinculados ou não ao assunto tratado na postagem. Quem nunca fez algo do tipo?

O Besta Quadrada (como em suas "encarnações" anteriores) sempre teve por objetivo comunicar impressões de leitura, a partir de livros e textos que afetaram (ou afetam) este blogueiro de alguma forma. Sei que é banal, mas a mensagem colocada dentro de uma garrafa e lançada no oceano é a imagem que melhor reflete minha insistência em manter-me na blogosfera. Por vezes fui feliz e em algumas oportunidades a mensagem encontrou alguém disposto a ler e a dialogar comigo. Essas ocasiões foram raras, mas gratificantes. Há, porém, um resíduo de frustração, pois, como muitos(as) blogueiros(as) sabem, é trabalhoso manter um espaço como este sempre em atividade.

Dei o título de Uma postagem aborrecida ao que aqui vai escrito porque destoa em conteúdo dos textos habitualmente publicados neste espaço. É aborrecida porque confessional até o talo (o que é um tremendo saco). E vai ficar ainda pior. Quer apostar?

Aos 42 anos nunca estive tão mal de saúde. Ao mesmo tempo, só me dei conta agora de quanto tempo perdi, profissional e academicamente, ao longo da  vida. NOTA: Estou experimentando com frequência aquela sensação descrita numa canção bacaninha do Lulu Santos ("Sei lá/ Tem dias que a gente olha pra si/ E se pergunta se é mesmo isso aí/ Que a gente achou que ia ser/ Quando a gente crescer"). Tudo isso resulta numa indisposição monstra para escrever sobre aquilo que tenho lido (e pra falar a verdade, tenho lido muito pouco).

Para o(a) eventual leitor(a) - ou para algum azarado que chegou inadvertidamente a este URL - isso não fede nem cheira. Imaginei, contudo, que algum conhecido meu, desavisado, possa passar por aqui e achar estranha a baixa atividade do blog. Eis, pois, a razão.

Quero enfatizar que o Besta Quadrada seguirá. Mas com passos lentos. Inté.

* Antes do Besta Quadrada, mantive por certo tempo os blogs Ração das Letras e Sinistras Bibliotecas, bastante semelhantes entre si.

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